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01/03/2018

Pesquisa avalia linhagem de camundongo para estudos sobre zika

Por Mônica Mourão

Embora distante dos holofotes midiáticos, a síndrome congênita do vírus zika continua a ser uma doença grave e que atinge um grande número de bebês no continente americano. Segundo dados da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS), somente em 2017, foram registrados 1190 novos casos da doença, sendo 55% deles no Brasil. Ainda sem medicamentos ou vacina eficazes contra o vírus, pesquisadores se deparam com um sem-número de desafios na luta contra a doença, sendo a busca por modelos animais adequados para os estudos um deles. Visando contribuir para o preenchimento desta lacuna, a pesquisadora Márcia Oliveira analisou a reação de camundongos Swiss Webster à infecção por diferentes cepas do zika , em sua dissertação de mestrado, defendida em 22/2, pelo Mestrado Profissional em Ciência em Animais de Laboratório (MPCAL/ICTB/Fiocruz). O objetivo é propor concentrações virais adequadas às pesquisas de imunizantes e fármacos utilizando esse biomodelo.


Márcia Oliveira, analisou diferentes concentrações de partículas virais de três cepas do zika em experimentos com o camundongo Swiss Webster (Foto: Gian Cornachini)

Para o estudo, camundongos heterogênicos — animais não consanguíneos — foram infectados pelo três diferentes cepas do vírus zika (MR766, de linhagem africana; AB e PE, de linhagem asiática, ambas isoladas de pacientes brasileiros) em quatro concentrações de partículas virais (103, 104, 105, 106) . Como resultados, Márcia encontrou duas concentrações de partículas virais válidas para as três cepas: 105  PFU (sigla em inglês que significa unidades formadoras de placa) para pesquisa de drogas e 104 PFU para o estudo da evolução da doença no organismo. “Com 105 PFU, a maioria dos camundongos infectados desenvolve zika com sinais severos de infecção e baixa taxa de sobrevivência. Logo, qualquer medicamento ou vacina eficaz nessas condições teria grande potencial farmacológico. Já a concentração de 104 PFU é adequada para a observação clínica a longo prazo porque resulta em um quadro brando e autolimitado. Daí, podemos avaliar o curso da doença, o desenvolvimento neurológico e as sequelas associadas ao cérebro em maturação”, esclarece ela.

A pesquisadora ressalta, ainda, que a possibilidade de uso do Swiss Webster nas pesquisas sobre zika representaria um grande avanço, uma vez que a linhagem é fácil de ser criada, resistente à variações ambientais e com ampla diversidade genética, a exemplo do que ocorre na população humana — sendo, por isso, uma das mais utilizadas pelos cientistas. “Hoje, os estudos sobre zika são feitos com camundongos transgênicos, que além de terem menor taxa de reprodução, possuem o sistema imunológico mais sensível, tornando esses animais muito suscetíveis às condições ambientais”, pondera Márcia.
 

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